A capsulite adesiva, também conhecida como “ombro congelado”, é uma síndrome dolorosa do ombro, caracterizada por dor intensa acompanhada de perda progressiva dos movimentos ativos e passivos.
É resultante de processo inflamatório crônico que evolui com contratura e aderências na cápsula articular, limita o volume capsular e diminui a quantidade de líquido sinovial intra-articular, o que contribui para a perda de movimentos.
Diversas outras doenças podem causar quadro clínico semelhante, sendo essencial a avaliação médica especializada para definição do diagnóstico e início precoce do tratamento adequado.
Estudos mostram associação com fatores genéticos e reações autoimunes, porém a origem da doença ainda não é muito esclarecida. Acomete mulheres em 70% dos casos, sendo mais comum entre 40 e 60 anos de idade.
Muitas doenças sistêmicas estão relacionadas a capsulite adesiva, incluindo doenças cardiovasculares e disfunções da tireóide. Outros transtornos como ansiedade e depressão também podem estar relacionados. Traumatismo craniano, infarto e diabetes aumentam o risco de desenvolver os sintomas, sendo o diabetes associado com casos mais graves da doença.
Os pacientes com capsulite adesiva apresentam quadro de dor na região anterior e lateral do ombro, geralmente de início lento e progressivo, com piora no período noturno, interferindo na qualidade do sono e consequentemente na qualidade de vida. O exame físico característico é a limitação passiva dos movimentos do ombro, em especial as rotações interna e externa, essa restrição dos movimentos se agrava com a progressão da doença, limitando a realização de atividades diárias como vestir roupas, pentear o cabelo e colocar a mão no bolso de trás da calça.
A capsulite adesiva pode ser classificada como primária, quando não apresenta causa específica para seu surgimento, e secundária, geralmente decorrente de traumas, imobilizações prolongadas ou após procedimentos cirúrgicos. Apresenta progressão por quatro estágios:
O estágio 1 (pré-congelamento) é caracterizado por reação inflamatória sinovial, os pacientes apresentam dor especialmente no período noturno, porém ainda sem limitação dos movimentos. Nesse estágio muitos pacientes têm o diagnóstico confundido com doenças mais comuns como tendinites e bursites, o que pode atrasar o tratamento adequado.
No estágio 2 (fase de congelamento) ocorre a proliferação sinovial e formação inicial de adesões, nessa fase a dor se torna intensa, e a perda de movimento está presente, porém ainda é leve.
No estágio 3 (fase de maturação) é onde ocorre diminuição do processo inflamatório que dará lugar a fibrose, a dor se torna menos severa em comparação aos estágios anteriores, mas os movimentos estão significativamente restritos.
Por fim, no estágio 4, (fase de descongelamento ou estágio crônico) as adesões estão totalmente maduras e os movimentos se tornam severamente reduzidos. Os pacientes podem apresentar melhora gradual da dor, que geralmente ocorrem em movimentos súbitos com o ombro além do limite imposto pelas aderências.
O diagnóstico da capsulite adesiva é essencialmente clínico, exames complementares de imagem podem auxiliar em alguns casos. A radiografia (Rx simples) é tipicamente normal, sendo utilizada para descartar outras patologias que podem cursar com sintomas parecidos, como tendinite calcárea, artrose e luxações não diagnosticadas.
Nem mesmo a ressonância é necessária para o diagnóstico, sendo utilizada para excluir outras causas para os sintomas.
Em muitos estudos a capsulite adesiva é considerada autolimitada, apresentando resolução espontânea dentro de 1 a 3 anos de sintomas.
Outros estudos demonstraram que até 50% dos pacientes podem apresentar alguma limitação do movimento ou dor leve no longo prazo.
O tratamento deve ser individualizado e dependente do estágio e o grau de sintomas do paciente. Fisioterapia adequada associada a exercícios domiciliares são indicados, exercícios rigorosos que causem dor extrema e o fortalecimento são raramente necessários. O paciente deve estar consciente que o período de recuperação é longo e que movimentos suaves de alongamento são ótimos para reaver os movimentos perdidos.
O uso de medicamentos via oral e injetáveis pode auxiliar no alívio dos sintomas nos estágios iniciais, porém não tem efeito substancial na resolução da doença, não alterando seu curso natural.
O tratamento cirúrgico pode ser indicado em pacientes que não respondem ao tratamento clínico por período de seis meses. A cirurgia artroscópica e a manipulação articular sob anestesia são indicados no tratamento.
É importante lembrar que o diagnóstico correto e o início precoce do tratamento podem melhorar a qualidade de vida e aumentar as chances de sucesso na recuperação do paciente. Procure um especialista em cirurgia de ombro e cotovelo, ele poderá te ajudar.
É importante lembrar que o diagnóstico correto e o início precoce do tratamento podem melhorar a qualidade de vida e aumentar as chances de sucesso na recuperação do paciente. Procure um especialista em cirurgia de ombro e cotovelo, ele poderá te ajudar.
Referências
1 – Neviaser AS, Neviaser RJ. Adhesive capsulitis of the shoulder. J Am Acad Orthop Surg. 2011;19(9):536-542. doi:10.5435/00124635-201109000-00004
2 – Abrassart S, Kolo F, Piotton S, et al. ‘Frozen shoulder’ is ill-defined. How can it be described better?. EFORT Open Rev. 2020;5(5):273-279. Published 2020 May 1. doi:10.1302/2058-5241.5.190032
3 – Dias R, Cutts S, Massoud S. Frozen shoulder. BMJ. 2005;331(7530):1453-1456. doi:10.1136/bmj.331.7530.1453
4 – Le HV, Lee SJ, Nazarian A, Rodriguez EK. Adhesive capsulitis of the shoulder: review of pathophysiology and current clinical treatments. Shoulder Elbow. 2017;9(2):75-84. doi:10.1177/1758573216676786
5 – Robinson CM, Seah KT, Chee YH, Hindle P, Murray IR. Frozen shoulder. J Bone Joint Surg Br. 2012;94(1):1-9. doi:10.1302/0301-620X.94B1.27093
Use nossos canais de comunicação.
Dr. Oreste Carrazzone ©2020 | Desenvolvido por: IDEIASaMIL – Soluções em Design